Difícil acordar cedo na segunda, depois de passar um domingo longo e tenso de plantão. O grande desafio do segundo turno é enfrentar o tumulto. A agitação causada pelo grande número de militantes, jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos, humoristas, políticos e curiosos é, sem dúvida, um transtorno. Por sorte, a falta de educação de alguns é compensada pelo gesto delicado de outros. Mas, a ausência de espaço torna o calor e o convívio humano quase insuportáveis.
Fico irritada com a arrogância e a péssima educação de algumas “estrelas” da televisão. A preocupação única e exclusiva com o ibope suscita comportamentos inaceitáveis. O repórter Danilo Gentili, do CQC, da Band, quis roubar a cena em frente ao Hotel Naoun Plaza, em Brasília, onde Dilma Rousseff fez o primeiro discurso depois de eleita a primeira mulher presidente do Brasil. De maneira estúpida chamou uma senhora militante do PT de velha. Indignada, a mulher foi tomar satisfações. A confusão tomou conta do lugar e a multidão começou a gritar fora, fora! De olho nos holofotes, o repórter mal-criado ainda resmungou: Ela é velha mesmo, tá reclamando do quê? Queria que eu a chamasse de nova? Conduta ridícula e nem um pouco justificável.
Mesmo ao ar livre, era difícil encontrar um lugar sem o cheiro de cigarro. A fumaça da nicotina tomava conta do local. Além disso, era preciso tomar cuidado para não levar uma bandeirada ou bordoada de uma câmera na cabeça. Aos poucos, políticos e aliados chegavam. O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, atraiu todas as atenções. Difícil era chegar perto dele, gravar e ouvir o que dizia. Os eleitores, orgulhosos, exigiram a atenção merecida. _ Governador, fale conosco! Nós votamos no senhor! Imediatamente, Agnelo deixou os jornalistas de lado e foi cumprimentar e abraçar aqueles que o elegeram. Muito bem!
Dentro do hotel, a multidão se espremia para ver Dilma. Porém, o auditório era para poucos. Muitos tiveram que assistir o primeiro discurso de longe, em telões montados em outros compartimentos. Na área “VIP” (acredite, o lado de fora era mais confortável) encontrei um canto lotado perto de uma caixa de som. Sentei e sentia o suor escorrer. Logo esqueci o mal-estar e comecei a observar o ambiente, ver quem estava presente. Comecei a falar sem parar com os colegas jornalistas e passei a curtir o momento. A música alta que tocava era realmente contagiante. Meia hora depois subi na cadeira para ver Dilma. Registrei tudo no meu celular, que não parava de receber mensagens me convidando para ir à festa na Esplanada. Sem chances! Fui pra casa fechar minha matéria.
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